Tecnologia, poker e educação: a nosso favor ou não?


A velocidade da evolução da tecnologia tem movido o mundo em dois sentidos. Haverá, por aí, muito negativismo a ser derramado nos textos e nos ouvidos de terceiros, mas há em mim um lado que olha para o benefício desta evolução. Um dia os nossos filhos, mais do que sofrerem inevitavelmente com isso, terão tão somente de ser educados para utilizar essas ferramentas devidamente. Numa época de mudança – e como isto corre, essa época é o dia-a-dia – tentar combater essa marcha incessante é, no mínimo, desgastante. No máximo, é estúpido!

Hoje temos a Tesla, que desafia os combustíveis fósseis; temos as redes sociais, que evitam a necessidade dum novo Henrique Mendes à procura de familiares e amigos distantes; temos acordos políticos de impacto ambiental positivo…

Já não estamos no tempo em que o cowboy fumador era um herói e sabemos que fumar mata. Vem lá escrito…

Quero com isto dizer que o bom e o mau, como entidades que nos habitam desde os contos infantis, sempre existiram e sempre vão existir. O que fazemos com os frutos desta contínua mudança é que definirá as gerações de amanhã, pelo exemplo que lhes daremos.

Estamos tempo de mais a ver fotos dos nossos amigos sem partilhar o momento com os que estão à nossa mesa? O telemóvel, apesar de cada vez mais autónomo, não se liga sozinho. Vivemos com mais stress do que há anos atrás e com mais problemas de saúde? Está bem, mas também vivemos mais tempo e a diferença, tendo em conta a qualidade de vida estatisticamente comprovada pela maioria, ainda compensa.

A vida decorre, no fundo, como um jogo de poker. Não vale a pena lamentar as cartas que nos saem. Temos de manter o nosso aspecto impassível, tomar uma decisão refletida, escolher o objectivo que mais se coaduna com os nossos valores e esperar as cartas que a mesa nos “vai dar”.

Se desatarmos a gritar que o mundo está contra nós, porque nos saiu um quatro e um sete, vamos prejudicar o nosso desempenho e comprometer definitivamente o nosso resultado final. E quando na mesa “baterem” dois setes e fizermos um trio, que ganharia aquele valor rechonchudo do pot, aí vamos fazer figura de parvos.

A lição é: joga com as cartas que tens, espera ativamente por oportunidades melhores, aproveita os teus momentos altos, lê bem os outros jogadores, mas desfruta sempre do jogo.

No fim, se não aproveitarmos a tecnologia e o que ela nos pode oferecer de benéfico, se não nos deliciarmos com o jogo e as cartas fortes que a vida nos oferece, vamos chegar à pista de aterragem como se nunca tivéssemos levantado voo. O destino terá menos sal por termos perdido o caminho e isso ninguém nos pode devolver.

Não interessa apenas chegar, mas também como chegamos e o que ganhamos com isso. Afinal, há sempre um destino, mas o que conta é a viagem.