O Barão Pierre de Coubertin dizia que o “desporto é uma fonte de melhoria interior”. Pena que os agentes do futebol nacional não tenham esta frase pendurada num quadro dos seus escritórios.
Visitei ontem o Estádio da Luz e o Museu Cosme Damião. A Filipa ganhou uma visita ao Estádio num jogo da Wonderland, o mercado de Natal lisboeta, e eu acompanhei-a com todo o prazer. (Que ninguém jamais questione o que eu faço por amor!)
Há um conceito subjacente à rivalidade que está deturpado no desporto. É claro que, como portista, quero que o FCPorto ganhe sempre. Isso não implica que eu odeie qualquer outra equipa. Sempre gostei muito mais do José Saramago do que do António Lobo Antunes, mas ambos são essenciais à literatura.
Quando o Benfica representa o nosso país no estrangeiro prefiro que eles ganhem. Claro que, caso tenham a infelicidade de perder, aproveito para brincar com os meus amigos benfiquistas. Faz parte da rivalidade, mas está longe do ódio que se passeia pelos corredores do desporto-rei português.
O Estádio da Luz é um espaço imponente. Com a capacidade para 65.000 pessoas, equipado à altura da exigência de um competidor de gabarito internacional. A visita guiada é feita de forma cuidada, com a partilha de várias curiosidades e com recurso à realidade virtual.
A visita ao balneário principal não é possível, mas podemos apreciá-lo através de óculos de realidade aumentada quando estamos dentro do balneário visitante.
A Vitória, a única águia presente no estádio neste dia, é maior do que parece. Uma águia-de-cabeça-branca de origem americana que nos ignorou com toda a naturalidade. Uma mera dúzia de pessoas nada é para uma estrela que voa em dias de jogo.
O Museu Cosme Damião, segundo o clube um dos mais modernos da Europa, está repleto de troféus, 37 dos quais me arreliaram um pouco mais do que os restantes. Tudo está organizado de forma moderna e interactiva e apesar do tempo de visita ser obrigatoriamente longo (dados os três andares do museu), o tempo é agradável. Talvez haja um pouco de vermelho a mais para o meu gosto, mas é compreensível.
Uma das actividades é um elevador de simulação de experiência. Mostra-nos a intensidade em dias de jogos através de ecrãs que nos rodeiam. Uma experiência que arrepia qualquer benfiquista, como nos tinha dito a senhora que nos vendeu os bilhetes.
O espaço dedicado a Eusébio, por sua vez, devia ser visitado por qualquer amante de futebol. A grandeza da Pantera Negra enquanto estandarte português por todo o Mundo é algo que nunca deveria ser esquecido.
Como seria de esperar foi uma tarde agradável. Aprendemos alguns pormenores sobre uma das mais importantes instituições do país e tivemos tempo e espaço para brincar com as rivalidades e as diferenças, como deveria ser sempre. As nossas fotos retratam isso mesmo.
Partilho este texto no dia em que se festejam os quinze anos da segunda conquista da Taça Intercontinental pelo FCPorto. Um portista como eu, mesmo imbuído do espírito do fair-play, tem o dever de lembrar que no Museu Cosme Damião não há nenhuma. (Sim, eu sei, nós não temos nenhuma Taça Latina.)
Saudações portistas mas, acima de tudo, desportivas, porque há sempre um destino mas o que conta é a viagem.
Fernando Miguel Santos