A maturidade viajante (por Rafaela Oliveira)

Foto RafaViajar para mim é algo de extremamente emocional. Não viajo apenas para conhecer novos lugares. Viajo porque quando ouço falar da temperatura do mar, do sabor das comidas ou da imponência deste ou daquele lugar, automaticamente imagino a minha reacção a esses sítios e sensações.

Enquanto um lugar é desconhecido para mim, tenho que me contentar com a minha imaginação. Mas depois de lá estar, de pisar o chão, de sentir a energia que vibra no meio de todas as pessoas, começo a criar as minhas memórias. Sim, as memórias criam-se no presente. Gosto de pensar que tenho uma certa dose de inteligência geográfica: onde quer que vá, veja o que vir, nunca volto igual, trago sempre algo mais comigo. E da maior parte das vezes, não se trata de nada palpável. Vive apenas nesse grande centro emocional que é o cérebro…

E esta forma como encaro o acto de viajar também me fez chegar a uma conclusão ao longo dos anos, a de que ganhamos maturidade viajante. Por volta dos meus 16 fiz uma das viagens que mais me marcou, por diversos factores. E recordo-me hoje, com a mesma clareza da altura, da melancolia que sentia enquanto fazia a viagem de regresso a Portugal (cerca de 2000 km de autocarro, deu-me tempo para deixar a melancolia atingir limites recorde!). Sentimentos próprios da idade, mas na altura também me lembro de pensar que se era para me sentir assim sempre que viajasse, tinha que pensar duas vezes antes de voltar a fazer as malas. Mas esse grande senhor, cheio de classe e sabedoria, de nome tempo, encarregou-se de me mostrar que até em algo tão trivial como viajar há sempre lições a tirar. E, decididamente, não sou a mesma hoje quando parto de viagem, seja dentro ou fora, por muito ou pouco tempo.

A viajante que sou hoje em dia aproveita cada minuto, não como se não houvesse amanhã, mas para poder sentir essa plenitude que é falar de um lugar como se ainda lá estivesse.

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