As oportunidades são como a chuva


O acaso, a sorte e a frase de Elmer Letterman



O acaso parece ser, num mundo em constante mutação, algo a que merece a nossa atenção. Por vezes, parece que a sorte bafeja apenas alguns dentre nós, deixando outros de lado.

Na verdade, a sensação de sorte é algo que está associado a muita gente, mas é quase sempre possível verificar um facto entre todas essas pessoas: a preparação.

Há muitos anos que uso uma frase de Elmer Letterman, considerado um dos maiores especialistas em vendas de seguros dos EUA: “Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade”.

Durante a minha vida, sempre pensei desta forma, sempre me preparei para o que pudesse chegar. Tem resultado, por isso a frase de Letterman não é apenas um grupo de palavras vazio.
As oportunidades são para todos (aqueles que estão atentos)



A vida dá oportunidades a todos. Basta ouvir alguns relatos de pessoas que não atingiram algo que muito desejavam para ver que uma determinada decisão pode ter mudado negativamente a sua vida.

Normalmente, essa decisão foi sobre não fazer algo. Quando fazemos e erramos, aprendemos. Quando não fazemos, além de não errarmos, o que é crucial para a aprendizagem, o caminho futuro fica vedado e nunca saberemos o que poderia acontecer. Se fizermos, sabemos o que aconteceria se tivéssemos ficado no mesmo lugar, sabemos as mudanças que se operaram e sabemos o que corrigir para chegar onde queremos ir.

Tudo se trata de ir, de acordo com os nossos valores e ambições.

É quase como se as oportunidades que esperamos fossem chuva, que cai regularmente, mas que faz com que a maioria não se queira molhar nos possíveis erros do caminho e use um guarda-chuva para se proteger.

Outros há que se deixam molhar, fechando o guarda-chuva e esperando o que aí vem. No entanto, os mais capazes, viram o guarda-chuva ao contrário e, enquanto se expõem ao erro ainda imaginam o que podem fazer com a água que estão a guardar, numa utilização criativa do objecto que trazem consigo.

Nesse momento serão considerados lunáticos, mas mais tarde serão admirados.
Sem saber o destino, mas com objectivo definido



Há cautelas a ter, porque não queremos ser apanhados como o Sr. Oppenheimer, no filme Norman, numa espiral de acontecimentos que não vimos passar e que nos atropelam.

(Aconselho todos a verem este filme escrito e realizado por Joseph Cedar. Protagonizado por Richard Gere, conta a história dum estratega das relações institucionais, muito persistente, que se vê enredado na seu própria teia. É ainda uma visão próxima das comunidades judaicas, que muito nos mostra o talento destas para o negócio e as relações institucionais. Conta ainda com a participação de Steve Buscemi, Michael Sheen e Lior Ashkenazi.)

Norman via as oportunidades, mas reagia a elas por puro vício ou instinto descontrolado, indo sem objectivo que não fosse o de promover contactos, sendo mais tarde apanhado numa teia de tráfico de influências que, imagine-se, ele mesmo tinha criado.

O princípio, contudo, está lá. Muito do que nos acontece é aleatório, mas se jogarmos com as oportunidades, com as cartas que temos na mão, a oportunidade acabará por se mostrar.

Se só o destino valesse a pena, podíamos fechar os olhos e esperar. Porém, é de vital importância que estejamos atentos porque, nos mais estranhos lugares, existem oportunidades tão incríveis que a maioria nem sequer quis acreditar nelas.

Mesmo que não vejamos onde vamos dar, é nos pequenos passos de cada dia que temos de nos concentrar, porque as inevitabilidades surgem e só a consistência as vence. Consistência no percurso, porque há sempre um destino, mas o que conta é a viagem.